segunda-feira, 9 de março de 2009

Você é esse homem!

O texto de 2 Samuel 12 fala da forma sutil e sábia como o profeta Natã mostrou a Davi a gravidade de seu pecado. Algumas singularidades desta passagem mostram o perfil de um homem de Deus, que pelo simples fato de ser homem, poderia utilizar-se do deslize moral e espiritual do rei para tirar proveito para si mesmo.

O primeiro verso mostra sem rodeios, o fator motivacional do ministério profético de Natã, "E o SENHOR enviou..."

O pecado praticado por Davi foi tão grosseiro e requintado em crueldade, que a discrição não pode ser considerada como marca registrada neste episódio. O que podemos, então, inferir duas coisas:

Primeiro, havia por parte de Davi a certeza da impunidade, motivada pelos prósperos anos de reinado, após ter subjugado os maiores inimigos de Israel.

Segundo, um pecado de tamanha gravidade, praticado sem qualquer pudor, certamente era do conhecimento da grande maioria de pessoas no reino.

Mas a despeito de tudo, Natã permanecia inabalável no seu lugar. Não podemos confundir sua ação com apatia, ou mesmo omissão. O profeta tinha total conhecimento dos fatos, das pessoas envolvidas, da provável repercussão e das consequências que um ato de covardia e injustiça poderia provocar na nação de Isarel, mas não ousou mencionar uma só palavra em direção ao ungido de Deus, sem que antes estivesse totalmente convicto da direção divina para tal.

Natã foi um tipo de profeta que apesar de sua lealdade ao rei, não era frequentador assíduo do palácio. Todas as oportunidades em que o nome do profeta é mencionado, é por causa de algo totalmente relacionado a vontade de Deus para Davi e seu reino. Vamos sintetizar da seguinte maneira: Natã não usava do expediente de tentar manipular o estado através de seu ministério.

Quando é anunciado a Davi a presença de Natã no palácio, imediatamente o rei já sabia que se tratava de coisa muito séria. Natã focado na sua missão logo mostra a que veio. Como um profundo conhecedor do caráter de Davi, sabia que uma das mais notáveis qualidades do soberano era seu inegável senso de justiça.

Uma história muito bem articulada é o suficiente para fazer florar, como num arroubo, a justiça de Davi. As palavras de indignação do rei e sua sentença ao rico opressor, mesmo de formna inconsciente e inadivertida é a sentença que faz a si mesmo. O despertamento vem com a frase: Você é esse homem! Imagino um Davi estupefado, ofegante, inerte, com os olhos arregalados e com a face ruborizada. Como diria os jovens de hoje numa linguagem bem sugestiva - a casa caiu!

Davi está caído, é uma presa indefesa e fragilizada por um contra-golpe certeiro. As palavras de Deus que são proferidas pelo profeta são misturadas com choro e um lamento arrependido do rei infiel. No meio de uma correção divina um salmo de arrependimento é entoado.

Consigo mentalizar Natã ao profetizar não conseguir conter as lágrimas que teimosamente insistem rolar em sua face. Imediatamente após ao oráculo, uma palavra de misericórdia é proferida. Junto com o castigo veio o perdão e a certeza de que não seria dessa vez que a morte alcançaria o rei de Israel.

Tiro da atuação do profeta Natã uma lição muito grande para minha vida ministerial: O amor é a ferramenta mais importante para o exercício da obra de Deus. Como aconselhar, corrigir ou mesmo disciplinar uma pessoa, sem antes confrontar estes procedimentos ao crivo do amor?

Quando criança me lembro de meu pai usar um pequeno pedaço de madeira, chamada de 'galga', que era meticulosamente medida para servir de padrão, de maneira a distanciar uniformemente o madeiramento de uma casa.

No reino de Deus também temos uma 'galga', um instrumento poderoso que utilizamos para basear todas as ações que praticamos para e por Deus. Esse instrumento chamamos de amor.

Jesus Breve Voltará!

Nenhum comentário: